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Capítulo 5 - O Padeiro, o Bebâdo e a Mestra


Voltando um pouco no tempo, Happii estava sendo levado para a saída de Kittypaw pelo seu amigo de infância Saadi.

- Saadi, espera! O que está acontecendo? Por que não é seguro?


- Não é nada com que você tem que se preocupar, você tem é que sair daqui!


- Mas e os meus amigos? Eu não posso abandoná-los!


Saadi não respondeu e continuou levando-o para a entrada, com seu rosto um tanto preocupante, até chegarem na entrada do vilarejo.


- Vamos Happii, você tem que voltar para Furball - Dizia Saadi enquanto se aproximava dos portões.


- Mas Saadi, eu...


- Mas nada! Eu vou estar lá em alguns dias.


- Eu... eu não vou voltar, eu já me decidi! Eu vou resgatar meu avô!


- Qual é Happii, você não vai conseguir salvar seu avô do jeito que está!


- Eu tenho pessoas que aceitaram me ajudar! - Respondeu enquanto se virava de costas para Saadi e voltava para o vilarejo - Eu vou atrás deles agora, se quiser me ajudar...




- Você não mudou nada - Pensou Saadi - E seus amigos, sabem do seu segredo? - Perguntou Saadi.

Happii não falou nada sobre. Resolveram então procurar por Tora e Pinchi, foram até o restaurante, porém ele estava fechado. Rondaram pela cidade e não encontraram nenhum deles. Saadi o sugeriu que viesse com ele até sua moradia, já que não iria embora do  "Paraíso Kittypaw".


- Ué, mas você não estava todo agoniado para me tirar daqui? 


- Se vai ficar por aqui mesmo Happii, é melhor saber do que vai acontecer...


Entraram em uma padaria do vilarejo que ficava em um local afastado, os olhares dos momenianos no estabelecimento se voltaram todos para Happii, que caminhava sem se sentir seguro no local.

- Quem é esse garoto? - Disse um momeniano que estava sentado no balcão tomando um chá.


- Ele é meu amigo de infância.


- Me... Me chamo Happii, Happii Daisuki, pra...prazer em conhecer o senhor!

- Ei, Saadi - Disse um momeniano no fundo do balcão - O que diabos está fazendo? Trazendo uma criança para o meio desse alvoroço que está prestes a acontecer?

Happii virou a cabeça em direção a voz. Viu um momeniano de idade já avançada e olheiras que iam até o começo do nariz. Mas não foi isso o que chamou a atenção de Happii. O momeniano carregava no topo da cabeça um pão de forma gigante, de mais ou menos um palmo de altura.

"Será que ele pode comer o pão que está na cabeça dele?" 
pensou Happii. 




- Eu não o trouxe pra este vilarejo! - Respondeu Saadi para o momeniano-pão - E ele não pretende sair daqui sem os seus amigos.

- Amigos, hein? - Retrucou o momeniano-pão. Enquanto dizia isso, o pão em sua cabeça se mexia e agitava, como um gato dentro de um saco - É muito suspeito você trazer um estrangeiro com amigos pra cá. O que houve de verdade?


 - E...Eu vim de Furball, mi...minha vila foi atacada por waruianos, tudo foi destruído. Alguns momenianos foram capturados, inclusive meu avô, e agora estou em uma jornada junto com meus amigos para resgatá-lo - Dizia Happii olhando para o pão que se mexia na cabeça do senhor momeniano.

- Espere um momento... Você veio de Furball, possui Daisuki no nome... Como se chama seu avô?


- Meu avô se chama Wook, Wook Daisuke - Respondeu Happii - O senhor conhece ele?

O momeniano-pão se sentou em uma cadeira que lhe estava próximo - Sim, ele é um grande amigo! Ele já deve ter falado de mim para você, o grande padeiro Massamir!

- Er... Na verdade não... Não que eu me lembre - Disse Happii enquanto coçava a cabeça e dava um leve sorriso envergonhado. 


- Você é realmente neto dele! - Disse Massamir dando gargalhada, os outros momenianos que estavam ali ficaram surpresos com a sua reação.

- Então ele pode ficar aqui até amanhã Massamir? Já esta ficando tarde... - Disse Saadi.

- Claro que pode, vamos fazer um jantar especial hoje, amanha será o dia da vitória, não é mesmo pessoal? - Disse Massamir para os momenianos que estavam ali, que responderam com gritos levantando as mãos pra cima - Vamos garoto, vou te mostrar aonde você vai dormir.


- Ce...Certo - Disse Happii.

Massamir então puxou o tapete que ficava atras do balcão, lá existia um alçapão que levava para o subsolo do estabelecimento. Happii ficou receoso em descer, porém ao ver Saadi ir, ele perdeu seu medo. Para sua surpresa, aquele local era muito maior do que a padaria em si. Continha diversas armas e papéis, havia diversos momenianos que faziam manutenções nas armas e as enchiam de munição.

- Saadi... O que está acontecendo? - Disse Happii, assustado com a quantidade de armamentos.




- Você deve ter percebido uma estátua de um momeniano logo na entrada de Kittypaw, não é mesmo? - Perguntou Saadi.

- Sim, é a estatua do dono do vilarejo, certo? 

- Isso mesmo, seu nome é Archibald - Respondeu Massamir - Com a guerra, ele começou a elevar os impostos. Não nos importamos muito com isso, pois estava visando a segurança do vilarejo. Porém, com o passar do tempo, a quantia foi aumentando de maneira absurda. Os habitantes começaram a não ter mais nixels para comprar alimentos, tendo que se rebaixar como escravos de trabalho para os que já tinha grande quantidade de dinheiro, conseguindo apenas assim se alimentarem.

- Mas por que ele começou a cobrar tanto imposto assim? - Perguntou Happii.

- Ninguém sabe ao certo, ele sempre dá desculpas como a segurança do vilarejo. Alguns habitantes foram se revoltando com o que estava acontecendo, e começaram a protestar contra Archibald. Porém esse protesto só levou a mais ódio e medo - Dizia Massamir enquanto fatiava alguns pães em cima de uma mesa - A maioria daqueles que protestaram foram presos por Archibald, e enviados para a prisão de Tailwhiskers.


- Minha nossa, então vocês ficaram sem poder fazer nada... Mas os prisioneiros que eram enviados podiam comunicar o que estava ocorrendo em Kittypaw, não é?

- Sim, isso seria possível, mas nenhum dos nossos prisioneiros chegou a Tailwhiskers, o que me leva a crer que eles foram mortos a caminho de lá, inclusive meu único filho, Fermo... - Dizia Massamir enquanto amassava um dos pães que tinha cortado - E agora, até mesmo os que vem para esse vilarejo são alvos de Archibald, meu jovem.

- Como assim?

- Os estrangeiros que vem para cá, tem seu dinheiro extraviado e são presos, você teve sorte de encontrar Saadi...

- Mas e os meus amigos, Sr. Massamir?!  Eles podem estar presos agora! - Dizia Happii aos gritos.

- Não tem com o que se preocupar garoto, amanhã será o dia da vitória! Formei um exército de rebeldes que ultrapassa a metade da população de Kittypaw, não tem como Archibald se livrar dessa! Não é mesmo, homens? - Gritava Massamir para os momenianos que estavam ali que respondiam com gritos ferozes.

Happii estava em choque, não tinha imaginado que a sua própria raça iria lutar entre si no meio de uma guerra entre Waruianos. Tirou sua mochila das costas e sentou em um caixote para respirar melhor. Via em sua volta diversos momenianos, soltando gritos ferozes como se fossem batalhar para a morte.




" Momenianos não deveriam lutar entre si."  - Pensava Happii.


Enquanto isso, Tora estava dentro do subterrâneos de um castelo, no qual se localizava a prisão de Kittypaw. O fato de ter uma prisão dentro de um castelo intrigava alguns moradores do vilarejo. Ele estava sentado no chão, fazendo um desenho de uma garrafa na parede. Até que alguns guardas chegaram com dois prisioneiros e os colocaram na mesma cela de que Tora estava. De início os dois ficaram gritando e xingando o carcereiro.

- Ei, vocês dois, o carcereiro não tem culpa, ele está apenas fazendo o trabalho dele - Disse Tora enquanto desenhava garrafas na parede.

- É, você tem razão... - Disse uma momeniana de cabelo rosa que tinha vestimentas nobres, se sentava na cama sem ao mesmo notar a presença de Tora - Vamos, pare de ficar aí gritando e xingando, economize suas energias.

- Droga, só estava descontando minha raiva - Disse o momeniano de cabelo lilás que também possuía vestimentas nobres. Ele percebeu a presença de Tora e se apresentou para ele - Prazer, meu nome é Bo, e esta é Dora.

- Prazer! Me chamo Tora, vocês não teriam catnipom aí, teriam? - Dizia Tora babando.

- Não, nem bebemos isso... Você devia saber que em uma cela não tem esse tipo de coisa - Disse Dora.

- Eu me esqueci desse pequeno detalhe! - Disse Tora enquanto coçava a cabeça.

- Eu te conheço de algum lugar - Bo falou, pensativo - Tora, Tora, Tora, esse nome é familiar, ainda mais com essas listras que você tem...

- Tem razão Bo, eu também reconheço esse símbolo de caveira em sua camiseta... - Falou Dora pensativa.

Tora ficou ali olhando para aqueles dois, tentando lembrar quem era mas não lhe passava nada na cabeça, só conseguia pensar em como conseguir catnipom.




- Você é o Grande Ladrão Bêbado! - Gritou Bo - Tora Taigapou Tsuyoi!

- Ah! - Gritou Dora - O Grande Ladrão Bêbado! Não acredito que estou olhando para essa lenda!

- Olha só, vocês realmente me conhecem! 


- Você não está se lembrando da gente, Tora?! Somos nós! Dora e Bo! - Disseram os dois juntos.


- Não me lembro de vocês.

- Poxa Tora, nós somos os discípulos do Kojo, se lembra dele? - Disse Dora.

- Kojo!! Sim, eu me lembro dele, como iria poder esquecer daquele psicopata! - Gargalhou Tora - Mas espera aí, vocês são aqueles dois tampinhas que andavam com ele?

Dora e Bo olharam para cara de Tora com desprezo e assentiram, enquanto o mesmo ficou muito animado por ter encontrado velhos amigos naquele lugar inesperado. Tora falou que o motivo de estar preso foi o excesso de bebida, já Dora e Bo falaram que foi um roubo mal sucedido, omitindo o sequestro de Mochi, que no caso, nem imaginavam que era um companheiro de Tora. O carcereiro ouviu tudo.

"Um Taigapou aqui em Kittypaw? Preciso avisar isso para meus superiores, pode ser útil para nós" - E foi direto para seus superiores, fazendo na cabeça a soma de sua recompensa por esta informação.

Aproveitando que o carcereiro havia saído, Dora perguntou sobre o que estava acontecendo em Kittypaw, ao que Tora respondeu que não tinha ideia do que ocorria, tampouco suspeitava de algo estranho no vilarejo. Contaram sobre o ataque planejado dos Rebeldes contra Archibald que acontecerá amanhã, porém eles não sabiam especificar o motivo de tal rebelião. Tora não demonstrou surpresa alguma, pois ele já imaginava que eventos como esses aconteceriam em vilarejos. 


Algumas horas se passaram e alguns guardas chegaram na cela convidando o Taigapou para um jantar com Lorde Archibald. Tora só aceitou se fosse na companhia de seus colegas de cela. Chegando na sala de jantar, que estava cheia de guardas vigias e repleta de comida mas com suas cadeiras vazias, eles sentaram na mesa e aguardaram a chegada de Lorde Archibald.

- Olhem só, tem catnipom aqui! - Disse Tora babando enquanto já abria duas garrafas e as colocava na boca simultaneamente.

- Tora, acho que você devia esperar o Archibald chegar para começar a beber - Disse Bo, espantado com sua atitude.

- Ei, Tora, você não pode dizer nada sobre essa rebelião, não sabemos se o Archibald sabe disso, e é melhor não nos envolvermos nisso - Disse Dora, apreensiva com a situação.

Tora assentiu com a cabeça enquanto bebia, até que no fundo do salão se viu Archibald descendo as escadas. Tinha a cor da pele bege, era um pouco gordo e alto, usava um roupão fechado peludo de cor azulada e com fita laranja, e nos seus dedos continha diversos anéis. Ao seu lado vinha uma momeniana, por coincidência a mesma que lhe indicou o caminho para o restaurante. Ambos se acomodaram na mesa.




- Pelo visto vocês começaram a comer antes de mim - Disse Archibald sorrindo - Podem se servir meus pequeninos, temos comida de sobra aqui nesse castelo! Aliás, me chamo Lorde Archibald, Archibald para os mais íntimos - Emendou ele dando risadinhas.

- Eu me chamo Tora! Esses dois tampinhas se chamam Dora e Bo, são meus amigos - Disse enquanto Dora e Bo sorriam para Archibald, com timidez para comer alguma coisa.

- Não se intimidem pequeninos! - Disse Archibald aos risos - E esta é Junko Aoki, minha cientista - Continuou Archibald apresentando a momeniana - Ela é timida,então não liguem muito para ela - Dizia Archibald, sempre dando risadinhas.

- Eu já a vi quando entrei na cidade - Disse Tora pegando um pedaço de Trobaru - Tem uma estátua sua na entrada de Kittypaw, mas é muito diferente do que o senhor é de verdade, "Baldinho" - Disse Tora enquanto comia carne de Trobaru e bebia catnipom - Sabe, eu achei que o senhor seria bem forte, mas é bastante gordo, estou decepcionado.

Dora, Bo e Junko ficaram espantados com o comentário de Tora.


" Eu sabia que esse Tora era maluco, mas não tanto assim " - Pensou Dora.
 

" Baldinho? Que apelido genial! " - Pensou Bo.
 

" Esse desgraçado, não sabe com quem está se metendo! Devia ter ido embora desse vilarejo o quanto antes! " - Pensou Junko.

- Ah! Eu gosto de me exibir nas estátuas - Gargalhou Archibald - Então, vamos direto ao assunto, jovem Taigapou - Continuou tomando uma taça de vinho - Parece que meu vilarejo está se revoltando contra mim.

- Ah, sobre a rebelião, estou certo? - Perguntou Tora enquanto Dora e Bo olharam um para a cara do outro.

- Exatamente, parece que alguns habitantes de Kittypaw não estão de acordo com minhas exigências e então...

- Desculpe, mas eu perdi o apetite, com licença - Interrompeu Junko, se retirando do local e indo para seu quarto.

Quando Junko subia as escadas e entrava no corredor que levava para o seu quarto, se apoiou na parede com os olhos lacrimejando. Seguiu até seu quarto com um único pensamento.

" Como ele soube do ataque? Fomos tão cuidadosos... " - Pensou ela.

Entrou no seu quarto e logo pegou uma pilha de papel, começou a escrever em diversas folhas a mesma frase: "Archibald sabe sobre o ataque!". Depois de ter escrito uma grande quantidade de envelopes, ela foi jogando cada um em sacolas diferentes que nelas continha bastante alimentos. Quando terminou ela chamou por Dub, que veio voando em sua direção como um leal servo.




Dub foi o seu primeiro robô que construiu, é uma esfera metálica de cor azul clara do tamanho de uma cabeça momeniana, com olhos amarelo e uma boca. Possui dois braços que esticam até um certo comprimento e com bastante resistência, com uma hélice no topo, que o permite voar. Dub foi criado para transportar matéria-prima pesada para lugares de alto alcance.

- Quero que leve essas sacolas com comida como sempre fez! Faça isso rápido, robô estúpido! - Disse Junko nervosa.

- DUB! DUB! DUB! Mas Mestra Junko, ainda está muito cedo para a entrega de alimentos! DUB! DUB! DUB! - Exclamava Dub.

- Não me interessa! Estou mandando!

- Sim Mestra! - Voou Dub saindo pela janela do quarto levando grande quantidade de sacolas.

Enquanto isso na sala de jantar, Archibald começou a falar a situação que se encontrava.

- Bom meu jovem Taigapou, queria que lhe me emprestasse sua força para esse ataque rebelde que acontecerá, é um equivoco o que esta para acontecer nesse vilarejo, peço que por favor me ajude! - Exclamava Archibald.

- Ah, eu não sei...

- Eu te imploro! - Ajoelhou-se Archibald perante Tora, para espanto de Dora e Bo - Eu lhe dou qualquer coisa!

- Qualquer coisa ? Até mesmo Catnipom? - Indagou Tora.

- Claro! Te darei lagos de Catinipom! Lagos não, rios! Rios não, mares!

- Ah, então tudo bem, eu aceito! - Disse Tora levantando uma garrafa de Catnipom, trazendo a felicidade para Archibald.

Enquanto isso nos céus de Kittypaw, Dub, a pedido de sua mestra, deixava as sacolas cheias de comida em várias casas na zona pobre do vilarejo. Os habitantes dali achavam que era uma graça divina que vinha dos céus para suprirem suas necessidades alimentícias  e proclamavam o nome de "Deus" quem trazia tal bênção. Junko deixava claro para seu servo, que em hipótese alguma deixasse que alguém o visse, caso contrário ela iria ficar furiosa. Ela então instalou um dispositivo de segurança, que fazia que quando Dub avistasse qualquer criatura, ele liberaria um gás sedativo provocando sono e perda de memória de acontecimentos recentes.

Esse mecanismo sempre havia funcionado, menos naquela noite.

Junko estava deitada na cama quando viu Dub despencando sobre seu quarto junto com um momeniano, que no qual já tinha se encontrado antes.

- Chão... Nunca achei que sentiria sua falta - Dizia o momeniano deitado, alisando o chão como se fosse uma pedra preciosa.

- DUB! DUB! DUB! EU FALHEI MESTRA JUNKO! EU FALHEI! DUB! DUB! DUB!

- O que... O que ele está fazendo aqui? Como ele veio parar aqui? - Disse nervosa ao ver aquele momeniano novamente.




- Hã? - Levantou-se Pinchi - Então você é a "Mestra" ? Aliás, esse lugar fede - Completou.


(Continua...)

3 comentários:

  1. N PODE MAIS DORMIR SOZINHA AFDEWAGRHGRDEHTRJ

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  2. Pedro você recuperou meu respeito, está serie ta muito épica e ela sempre me traz saudades do math =/

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