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Capítulo 13 - Cabelo Vermelho


Happii estava deitado, tentando se acostumar com a dor que persistia em existir, quando ouviu explosões do lado oposto de onde estava ocorrendo a rebelião. Começou a se levantar com dificuldade para ver do que se tratava aquilo, olhou pela parede destruída da casa abandonada e viu algo gigante voando por cima de sua cabeça. Aquilo se chocou brutalmente contra o castelo, fazendo um barulho maior do que qualquer explosão.

“A... Aquilo não é um pedaço da muralha, não é?”


Happii não acreditava no que havia visto, colocou a mão sobre sua testa para ver se estava febril, com esperança de que estava tendo alucinações, mas infelizmente não estava. O que faria Happii desejar ainda mais que fosse uma alucinação era o que estava vendo agora, diversos waruianos passando pela passagem destruída da muralha, invadindo casas e capturando os momenianos. O que antes naquela região era apenas um silencio ocasionado pelo medo, agora era um compilado de gritos motivados pelo pavor.

A dor que antes ecoava em seu corpo não era nada comparado ao medo que Happii estava sentido, mas ele sabia que aquela não era hora para ficar com medo, teria que fazer alguma coisa para impedir que uma desgraça maior acontecesse. Pegou algumas ferramentas em sua bolsa e foi até a catapulta o mais depressa que podia.

" Preciso construir alguma coisa que me leve até o castelo... Talvez um carrinho de rolimã... " - Pensou Happii enquanto desmontava a catapulta com certa dificuldade.

Os gritos ficavam mais altos a cada segundo que passava, Happii sabia que não tinha muito tempo e que logo os waruianos estariam invadindo a casa abandonada. Usou o máximo de energia possível para descer as escadas junto com carrinho de rolimã improvisado, que mais parecia uma prancha com rodas. Quando finalmente saiu da casa abandonada, avistou cinco waruianos a cerca de 300 metros de onde estava, que por sorte do lado oposta a direção do castelo.



Estavam distraídos algemando momenianos nos pés e nas mãos, que seguiam em fila, uns algemados nos outros. Happii respirou fundo, sabia que aquele era o melhor momento para fugir dali, começou a empurrar o carrinho para tomar velocidade, até que começou a ouvir disparos que acertavam o chão fazendo espirrar areia pra cima, virou o rosto para trás, viu dois waruianos correndo em sua direção. Estava nervoso, tinha que pensar em alguma coisa para sair depressa dali. Abriu sua mochila e pegou um mini extintor. Voltou a olhar para trás, os waruianos já estavam a menos de 100 metros de distância. Um deles disparou contra Happii, a bala passou de raspão pelo seu braço, rasgando sua camisa.

- Saia já dai e largue a bolsa, mo-momeniano imundo! O Pró-próximo disparo va-vai ser para matar! - Falava um waruiano enquanto corria recarregando sua arma.

Happii não se apavorou com o disparo, muito menos com as ameaças, sabia que a vida dele como a de muita gente estava em jogo, e a sua ação poderia salvar Kittypaw. Apontou o bocal do extintor em direção aos waruianos e apertou o gatilho.



Eles já estavam preparando um segundo disparo quando foram cobertos pelo pó químico, irritando seus olhos e deixando a visibilidade horrível. A pressão que o extintor fez começou a mover o carrinho para bem longe dali, Happii continuou pressionando o gatilho, deixando uma cortina de fumaça por onde passava, indo em direção a um local tão perigoso quanto este.

- MOMENIANO DESGRAÇADO! MALDITO! - Gritavam os dois waruianos com olhos irritados. Ruben apareceu ao lado deles e pousou sua mão sobre seus ombros.

- Vocês deixaram aquele ali escapar... Ele tinha cabelo vermelho?

- Te-Tenente Ruben! Aquele mo-momeniano conseguiu esca-escapar, está indo em di-direção ao ca-caste...

- ELE TINHA CABELO VERMELHO ? - Gritou Ruben, interropendo.

- Sim senhor!!!! - Falou o outro waruiano.

- Eu vou atrás dele, quero me divertir um pouco também - Disse o Tenente puxando sua espada - Continuem procurando outros de cabeça vermelha, e não se esqueçam de atear fogo nas casas - Completou Ruben, se retirando ao pular sobre o telhado da casa abandonada, continuando a pular de telhado em telhado, seguindo o rastro de fumaça deixado por Happii. Os dois waruianos ficaram lá, parados, olhando admirados a técnica de seu Tenente.

- Ei, ca-cara... Aquele mo-momeniano não tinha ca-ca-cabelo vermelho... - Disse o waruiano que tinha permanecido calado.

- E daí ? Quem mandou ele não se render, agora vai pagar caro - Falou o waruiano rindo.

Dentro do castelo, as coisas não estavam boas. Metade do castelo fora destruído pelo impacto causado pela avassaladora rebatida de Larval, somada com o tamanho e peso do objeto arremessado. Com o impacto, os que estavam próximos a entrada caíram no chão, tentando recobrar seus sentidos depois do tamanho estrondo.


Tanto os rebeldes quanto os soldados estavam sem saber o que diabos estava acontecendo, ao verem um pedaço da muralha atravessando o saguão principal. Os soldados ficaram ainda mais pasmos ao verem os guardas que estavam na muralha, correram para resgatá-los. Estavam ensaguentados e inconscientes, tentavam murmurar, mas não se ouvia nada.

- Idiotas! Vamos, temos que ir! - Gritava Massamir, ajudando os rebeldes caídos a se levantarem - Isso deve ser obra de Archibald!

- Obra dele?! Tá maluco!? Por que ele jogaria uma muralha contra o próprio castelo?! Aliás, como ele faria isso!? - Perguntou Saadi.

- Aquele desgraçado deve estar lá fora usando aquele robô! - Concluiu Eben - Vamos até o Laboratório do Dr.Daichi, lá deve ter alguma maneira de desativar o robô - Completou.


- ACABEM COM ESSES REBELDES! FORAM ELES QUE FIZERAM ISSO! - Gritou um dos soldados que começaram a avançar para atacá-los.

- Vão na frente! Vou segurar esses caras com o pessoal! - Disse Eben junto com alguns soldados que começaram a travar uma batalha dentro do saguão.

Massamir, Saadi e dois soldados entraram na sala de baixo das escadas, que levava a uma escadaria junto a dois corredores, o lado direito possuía luzes e o lado esquerdo estava todo apagado. Massamir foi pelo corredor iluminado, o que fez Saadi pensar o que poderia ter no final daquela escuridão. Correram até chegar em uma porta metálica com uma placa escrita Dr. Daichi Aoki, abriram a porta e deram de cara com um robô gigante.


- Se o robô está aqui, então... - Disse Saadi.

- Deve ter outro robô desse lá em cima! - Disse um dos rebeldes.


- Não... Só existe apenas um desses - Disse Archibald caminhando ao lado completamente despreocupado olhando para o robô.

Imediatamente, Massamir e os rebeldes apontaram suas armas para Archibald, mas logo em seguida dois soldados apareceram por entre as sombras apontando as armas sobre a cabeça dos dois rebeldes.

- Quatro contra três. Você perdeu Archibald, se renda agora! - Disse Massamir com sorriso enorme no rosto, o pão sobre sua cabeça não parava de dançar.

- Eu não contaria com isso, não é mesmo, Saadi? - Disse Archibald olhando para o pequeno momeniano. Massamir olhou para trás e viu que Saadi estava suando a pingos, apontando a arma sobre sua cabeça.



- Eu tenho uma pergunta. O que vocês fizeram com a Junko? - Disse Saadi respirando fundo e engolindo seco.

- Junko? Ela não apareceu aqui ainda, você achou que eu faria algo ruim com ela? - Disse Archibald rindo - Eu a conheço, sabia que faria alguma bobagem - Completou Archibald, que fez Saadi suspirar fundo.

- Então era você o traidor... Seu desgraçado... Eu pensando que era o neto de Wook! - Dizia Massamir enquanto o pão sobre sua cabeça começava a se remexer ainda mais - Quanto que ele te prometeu em nixels? 15 mil? 30? Não vai me dizer que foram 100 mil! - Continuou Massamir a provocar.

- CALADO, SEU DESGRAÇADO! O QUE VOCÊ FEZ PARA HAPPII NÃO TEM PERDÃO! - Gritava Saadi, furioso - VOCÊ ACHA QUE EU FIZ ISSO POR DINHEIRO?! ACHA MESMO?! EU SÓ ESTOU FAZENDO ISSO PARA SALVAR MEU AMIGO QUE DESAPARECEU POR CAUSA DESSE CRETINO!

- E VOCÊ ACHA QUE ESSE DESGRAÇADO SABE ONDE SEU AMIGUINHO ESTÁ!?!?! A GENTE JÁ DISCUTIU SOBRE ISSO SEU IDIOTA! ELE O MATOU!! VAMOS TIRAR ESSE DESGRAÇADO DO PODER LOGO! - Bravejava Massamir.

- Será que é isso mesmo o que você quer, Massamir? Apenas tirar ele do poder? Não vai querer assumir o lugar de Archibald? - Disse Saadi, que fez Massamir ranger os dentes.

- Calma, vocês dois! Posso responder a qualquer pergunta, mas no momento, eu preciso da sua ajuda Massamir, você tem que parar a rebelião agora! O tempo já está para se esgotar! - Disse Archibald seriamente.

Massamir começou a dar uma gargalhada, não acreditava no que estava ouvindo - Você acha mesmo que eu vou fazer isso!? VAI SONHANDO! AINDA MAIS DEPOIS DAQUELE PEDAÇO DE MURALHA CAIR AQUI EM CIMA! ACHA QUE VOU CONFIAR EM VOCÊ, IDIOTA?

- Pedaço de muralha? Do que diabos está falando!? - Disse Archibald alarmado.

- Tem um pedaço da muralha caída no saguão principal, pensei que tinha sido obra desse robô - Disse Saadi confuso.



Archibald ficou branco, começou a passar mal, tremia e suava - É muito cedo... Não... Era para termos mais algumas horas... - Disse Archibald enquanto procurava algum apoio para se sentar, se segurando na mesa derrubando algumas papeladas caindo desmaiado no chão.

- Lorde Archibald! - Gritaram os soldados.

Os rebeldes aproveitaram aquele desleixo para imobilizarem os soldados, nocauteando-os. Saadi ficou sem ação, não sabia o que fazer, disparar contra Massamir nunca se passou por sua cabeça, e Massamir sabia disso, tirando proveito da situação.

- Você me decepcionou, Saadi. Mas podemos acabar logo com isso, abaixa logo essa arma - Dizia Massamir enquanto se virava lentamente, ficando de frente para Saadi, que ainda apontava a arma em sua cabeça.

Saadi estava encurralado, os rebeldes estavam com as armas apontadas para sua cabeça. Viu que não teria mais chances, então começou a baixar a arma lentamente até a soltar no chão, foi quando Massamir lhe desferiu um soco na cara, seguindo de chutes e pontapés.

- SEU MERDINHA! QUEM VOCÊ PENSA QUE É!? ARRISCANDO A VIDA DE TODO MUNDO! - Gritava Massamir.

Saadi estava deitado no chão com o rosto sangrando, quando um dos soldados pegou uma corda e amarrou suas mãos. O outro fez o mesmo com Archibald, que já estava recobrando sua consciência, o levantaram e o colocaram sentado na cadeira. Massamir então colocou a ponta da sua arma na testa de Archibald, que estava calmo, pouco se importando com aquela situação, como se soubesse que aquilo iria acontecer uma hora ou outra.

- Você não pode me matar, Massamir - Disse Archibald.

- Ah, é? Por que? - Disse Massamir carregando sua arma.


- Porque vocês vão precisar de mim, se quiserem continuar vivos - Respondeu Archibald fechando os olhos e rangendo os dentes, os que estavam naquele ambiente ficaram confusos, inclusive Saadi.

Do lado de fora do castelo. Subo estava retirando os soldados feridos de dentro da muralha e os levando para um local seguro, o que fazia Ramide ficar furiosa, não pelo fato de ele estar fazendo aquilo, mas por também estar o ajudando.


Ramide entendia o quanto Subo era gentil com os outros, mas não esperava que chegaria a esse ponto, sabia que o que estava fazendo era certo, mas aquilo não iria prejudicá-los? Se caso Massamir não conseguisse prender Archibald, não conseguia ver outro destino a não ser a morte por toda essa bagunça.

Tora, por outro lado, estava aproveitando essa oportunidade da boa ação dos dois, foi pulando para onde Dora e Bo estavam. Estava preocupado se haviam se machucado com o impacto da muralha, mas apenas estavam desmaiados. Tora os acordou dando tapinhas em seus rostos.

- Acordem, preciso da ajuda de vocês! - Disse Tora se levantando, enquanto Dora e Bo passavam a mão na cabeça.

- No que você quer nossa aju... AHHHH! UM PEDAÇO DA MURALHA! - Gritou Bo.

- COMO ISSO FOI PARAR AQUI?! O QUE DIABOS ACONTECEU!? - Gritou Dora em seguida.

- Eu sei lá como isso foi parar aqui! E olha que eu nem bebi tanto assim - Disse Tora enquanto vasculhava o chão - Me ajudam a achar a chaves da algema, naquela confusão acabei soltando! Vamos aproveitar que aqueles dois estão ocupados - Completou Tora que se movia lentamente, ainda algemado nos pés.


Subo e Ramide desciam os feridos de cima quando ouviram uma quantidade enorme de explosões vindo de onde a batalha era mais intensa. Tanto Subo como Ramide pensaram a mesma coisa, era o robô que havia ocasionado aquilo, só podia ser.

- Ramide, vai na frente, já te atrasei demais aqui - Disse Subo colocando um dos guardas inconscientes deitado no chão.

- Deixa de ser idiota! Aquele Taigapou ainda está aqui e vai acabar com sua raça junto com... o que é aquilo? - Dizia Ramide avistando um carrinho de rolimã que se movia lentamente - Tem alguma coisa em cima, deve ser uma armadilha! - Continuou Ramide, colocando o guarda deitado no chão.

- Não... Não é uma armadilha... É O AMIGO DO SAADI! O HAPPII! - Gritou Subo correndo em direção a ele. Quando chegou, Happii estava desacordado com sua mão ainda pressionando o gatilho do extintor.



 - HAPPII! ACORDE! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI!? - Gritou Subo enquanto dava tapinhas em seu rosto até que ele acordasse.

- EI, SEU DESGRAÇADO! O QUE ESTÁ FAZENDO COM ELE!? - Gritou Tora que vinha pulando em direção aos dois.

Happii despertou com os gritos, olhou em direção a Tora que estava pulando desajeitadamente. Então começou a gritar o mais alto que podia:

- DESTRUÍRAM A MURALHA DE MADEIRA! WARUIANOS DESTRUÍRAM A MURALHA DE MADEIRA! - Gritava Happii.

- Wa-Waruianos? - Disse Subo sem querer acreditar naquilo.

- Só pode estar brincando - Disse Tora com um sorriso cínico no rosto.

Happii desceu do carrinho e foi caminhando até onde Tora estava.

- TEM UM WARUIANO ACABANDO COM TODOS OS SOLDADOS E REBELDES! - Caminhava Happii lentamente - ELES ME PROTEGERAM PARA QUE EU PUDESSE CHEGAR ATÉ AQUI! ELE É MUITO FOR...

- Te encontrei, garotinho momeniano - Disse uma voz em tom alto.

Aquela voz fez Happii tremer, virou se rapidamente e viu apenas a ponta da espada se aproximando de seu corpo. Happii sabia que aquele seria o último momento de sua vida. Fechou os olhos, pois sabia que aquilo iria doer muito. Ouviu-se o barulho da espada rasgando a pele e do sangue sendo derramado.

" Por que não está doendo? " - Pensou Happii.

Abriu os olhos lentamente e viu Subo em sua frente, bloqueando o ataque de Ruben com os braços cruzados em frente de seu peito. O golpe foi poderoso o suficiente para atravessar os dois braços e ainda perfurar o colete a prova de bala.



- FUJA DAQUI, HAPPII! - Gritou Subo rangendo os dente de dor.

Tudo que Happii conseguia fazer era arregalar os olhos, não conseguia mover mais um passo. Ramide passou correndo e agarrou Happii pela blusa, levando-o pra onde estavam Tora, Dora e Bo.

- Olha só, um cabeça vermelha - Disse Ruben, com os olhos irritados - Infelizmente não posso acabar com sua raça, agora se puder me dar licença, preciso acabar com esse garotinho, ele me irritou bastante - Continuou Ruben tentando remover a espada dos braços de Subo.

- Desculpe, mas eu ainda tenho uma dívida a pagar com esse garotinho! - Disse Subo forçando o seu braço, fazendo-o cortar mais ainda.

- Hum... Isso é um problema, então - Disse Ruben dando um chute no abdômen de Subo, jogando-o contra a muralha destruída - Puxa... isso foi cair logo aqui? Que azar! Iria ser nosso castelo - Continuou Ruben, se lamentando.

- Ele jogou o grandão longe! Esse cara é forte! Se eu não achar a chave logo ele vai me matar hahahaha! - Disse Tora enquanto vasculhava o chão.

Já Dora e Bo estavam petrificados, nunca teriam visto um waruiano antes em suas vidas, o mesmo vale para Ramide e Subo. Ao ouvirem a declaração do Taigapou ficaram ainda mais alarmados.

- Olha só, três crianças junto com um Taigapou e uma fêmea valentona! Vamos nos divertir um pouco! - Disse Ruben posicionando a espada contra os cinco.


(Continua...)

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