Páginas

Capítulo 12 - Fumaça e Silhuetas


Nos arredores do castelo estava ocorrendo uma batalha mortal entre rebeldes e o exército de Archibald, o barulho daquele local chamava a atenção da população de Kittypaw. Os que portavam um capital mais elevado haviam sido informados por diversos soldados que haveria um conflito entre rebeldes e foram pedidos para que permanecessem em casa em segurança, mas não esperavam que fosse chegar a um nível desses. Alguns espreitavam das janelas e avistavam aquela cortina branca de fumaça, que agora, pouco a pouco se dissipava trazendo em tona uma grande fumaça negra ocasionada pelas explosões que ocorriam naquele lugar.

Alguns moradores que ficam mais próximos do castelo, tampavam os ouvidos de suas crianças, que mal sabiam o que estava acontecendo, na esperança que não ouvissem o barulho dos disparos de armas, ou os das explosões, ou também o pior som de todos, gritos de dor e fúria. Mas, se aprofundando melhor em meio aquele cenário, havia um barulho um tanto peculiar, como de dois ferros batendo um no outro a cada dois segundos. Era Tora que buscava desesperadamente se livrar daquelas algemas aprisionadas em seus pés.




- Droga! Que diabos de algemas são essas!!?! - Dizia Tora zangado enquanto batia uma espada nas algemas repetidas vezes. Estava com alguns panos que serviam como curativos na cabeça e nos braços - Aquele cara do pão, ele me paga!

- Para com isso! Não tá vendo que não adianta? Já até tentamos abrir ela com nossas gazuas e não deu em nada! - Dizia Bo com suas mangas de sua roupa rasgadas.


- Eu ouvi dizer que existe um certo metal chamado "tungumi", é o metal mais resistente de momemon, pode ser que essa algema seja feita desse material - Dizia Dora pensativa.


- Se for mesmo feita de tungumi, só vai ter um modo... - Disse o Taigapou enquanto se levantava - Vou atrás daquela cabeça de pão, com certeza tem a chave - E então foi aos pulos em busca de Massamir.


Dora e Bo mal podiam acreditar no que estavam vendo, aquela cena ridícula em um momento inapropriado como aquele.


- Ele não vai conseguir fazer isso sozinho... - Disse Bo enquanto tirava um barbante do seu bolso que ao sacudi-lo se tornava uma corda de tom amarelado.


- Vamos ter que dar cobertura para ele... - Falou Dora que retirava um pano do seu bolso e ao sacudi-lo ficava cada vez maior, formando uma toalha gigantesca. Então os dois seguiram Tora, rumo a batalha.

Bem próximo dali, Saadi, Massamir e Eben, junto com um grupo de rebeldes, avançavam da maneira que podiam para chegar a entrada do castelo, o que era para ser uma batalha fácil, estava se tornando um pesadelo. Nos olhos de Saadi só haviam pavor, e só de pensar que aquilo tudo estava acontecendo por suas atitudes, o deixava enjoado a ponto de vomitar, que foi o que acabou acontecendo.






- Aguente firme Saadi, isso vai acabar logo - Dizia Eben que estava ao seu lado enquanto disparava tiros contra o exército.

- Não fiquem aí parados, Subo e Ramide abriram o caminho para que a gente pudessem passar no meio desse inferno, não desperdicem segundos preciosos! - Gritava Massamir enquanto segurava uma folha, que parecia mais uma planta do castelo.

- Eben, você está ferido - Disse Saadi ajoelhado no chão enquanto se recobrava.

- Isso não é nada, pior foi o ataque daquele Taigapou, que deve ter tido sua passagem direta ao inferno com aquela explosão - Disse Eben enquanto levantava Saadi, puxando-o pelas alças de sua roupa e o fazendo ficar de pé.

Cada vez avançavam com mais dificuldade, enfrentavam os soldados da maneira que conseguiam. Alguns rebeldes ficavam para trás os enfrentando, mas no fim só sobrou Eben, Saadi, Massamir e uma dúzia de rebeldes, ao meio de toda aquela fumaça. Já dava para ver a silhueta do castelo, o que indicava que estavam próximos do objetivo principal, mas que não seria nada fácil dali pra frente. 

Ainda mais quando Massamir viu um fantasma saltitante logo em sua frente.

- ACHEI VOCÊ CABEÇA DE PÃO! PASSE JÁ A CHAVE PRA CÁ! - Gritou Tora enquanto saltava em direção a Massamir.

- É O TAIGAPOU DE ANTES! ELE CONTINUA VIVO! - Gritaram os rebeldes.

- IMPOSSÍVEL! COMO DIABOS VOCÊ SOBREVIVEU AQUELA EXPLOSÃO!? - Esbravejava Massamir com os olhos esbugalhados que avistava aquela criatura vindo em sua direção.

Eben, não demorou muito para agir, pegou sua arma e apontou em direção ao Taigapou, quando estava prestes a apertar o gatilho sentiu algo em sua perna esquerda, quando deu por si estava no chão sendo arrastado por uma corda de tom amarelada que se enrolava em seu corpo, o deixando imóvel.

" O que diabos é isso!? Uma armadilha?!" - pensou Eben enquanto era arrastado.

Saadi tirou sua espada da bainha e desferiu três ataques contra a corda na esperança que ela fosse cortada, mas nada aconteceu, o intrigante foi que a marca do corte ficou esculpida no chão, o deixando confuso.


- AGORA, DORA! PEGA ELE! - Gritou Bo segurando a ponta da corda que trazia o rebelde sem esforço. Dora então jogou sua enorme toalha que começou a encobrir o corpo do rebelde.




Parecia que Eben estava dentro de uma sacola gigante. A corda saiu dando um nó na boca da sacola, deixando o rebelde totalmente preso dentro. Todos que estavam por perto haviam parado para ver aquela coisa surreal, estavam boquiabertos. Como era possível que aquelas coisas se movessem sozinhas, era como se a corda e aquele manto tivessem vida própria. Ficaram tão espantados que mal perceberam que Tora já estava bem próximo de Massamir, surpreendendo o próprio com uma voadora de dois pés em seu peito, fazendo o padeiro cair e ficar sem fôlego no chão.

- Eu não sou de bater em velhotes, mas até os canalhas envelhecem - Dizia Tora enquanto puxava Massamir pela gola de sua camisa e mostrava suas garras - Passa logo a chave dessas algemas pra cá, ou você vai querer virar um canalha?

- MASSAMIR! EBEN! - Gritaram os rebeldes que apontaram suas armas para Tora, Dora e Bo.

- E... EI! ABAIXEM AS ARMAS! NÓS ESTAMOS COM SEU AMIGO REFÉM AQUI! - Gritava Dora desesperadamente.

- REFÉM? VOCÊS NEM MESMO ESTÃO ARMADOS, O QUE DIABOS UMA CORDA E UM PEDAÇO DE PANO PODEM FAZER!? - Gritou um dos rebeldes.

- O que elas podem fazer? - Depois de Bo dizer isso ele começou a apertar a corda que estava em sua mão, resultando em um grande grito de dor emitido por Eben que se dava para ouvir de dentro da sacola.

- NÃO DISPAREM! ABAIXEM SUAS ARMAS - Gritava Massamir - E-Escute... Estou com a chave das algemas, que tal fazermos uma troca hein? Vocês o libertam e você pega a chave, o que acha? - Dizia Massamir.

O Taigapou então pensou um pouco sobre a proposta - Mas só se antes você me entregar a chave.

- Tudo bem, como você quiser então... - Massamir então tirou a chave do bolso e entregou a Tora.

Tora olhou para a chave e a pegou. Soltou Massamir, que deu alguns passos para trás ajeitando sua roupa - Certo. Dora e Bo podem soltar ele...

No momento em que a corda começou a se desatar da sacola, Tora começou a pensar um pouco, havia a possibilidade daquela chave não ser as das algemas. O que impedia depois dos rebeldes apontarem suas armas para Dora e Bo e dispararem contra eles? No momento em que Tora começou a abrir sua boca para gritar, uma explosão aconteceu logo acima de onde estavam reunidos, fazendo com que o impacto dela fez com que todos fossem jogados ao chão. A fumaça da bomba cobriu todo o local.

Dora que estava ao lado de Bo a instantes antes da explosão, já não era mais avistada pelo mesmo, o que resultou em um ataque de pânico - DORA!? DORA!? CADÊ VOCÊ?! DORA?! - Gritava em meio a fumaça quando sentiu algo batendo em sua cabeça com bastante força, resultando em um desmaio imediato. Era Ramide que lhe deu uma coronhada fazendo o largar a corda enquanto segurava Dora com a ponta de uma faca encostada em sua bochecha.




- Agora só falta você, solta logo ele de dentro dessa coisa! - Falou Ramide enfiando ainda mais a faca em sua bochecha. Dora começou a chorar apavorada e o manto voltou a sua forma original, um simples pedaço de pano. Eben se levantou revoltado - Quem diria que você seria capturado por essas crianças - Provocava Ramide aos risos enquanto dava uma coronhada fatal em Dora, deixando-a inconsciente.

- Um merdinha como esse me capturou? Isso só pode ser brincadeira - Disse Eben dando vários chutes na barriga de Bo, que estava completamente vulnerável.

- EI! PARE COM ISSO! JÁ É O SUFICIENTE! - Gritou Saadi puxando o braço de Eben - TEMOS QUE APROVEITAR E ENTRAR NO CASTELO! NÃO PODEMOS PERDER O FOCO!

- Nossa, quem diria que um merdinha como você continua vivo Saadi, já deve ter molhado as calças pelo menos!

- Parem com isso! O que Saadi diz está certo! - Dizia Massamir - Ramide e Subo nos deram outra oportunidade única, e ainda nos livraram dos nossos inimigos, então vamos seguir em frente!

Naquele momento Saadi ficou meio confuso, " O que Massamir quis dizer com se livrar dos inimigos? " - pensou ele até olhar para os arredores e se deparar com Subo que segurava Tora com toda suas forças. O Taigapou que se debatia desesperadamente para se livrar daquele abraço mortal que o deixava suspenso no ar. Pela cara de Subo dava pra ver que ele não aguentaria por muito tempo. Seus braços já estavam todo cortados pelas garras afiadas de Tora.




- O que está esperando, Saadi!? Vamos logo! - Gritava Massamir, já cruzando as portas do castelo, junto a Eben e uma dúzia de rebeldes.

- SUBOOOOOO! EU PRECISO TE DEVOLVER UMA COISA! - Gritou Saadi enquanto retirava seu colete a prova de balas - O SEU COLETE! EU VOU DEIXÁ-LO NAS MÃOS DE RAMIDE! - Jogou o colete nos braços de Ramide, o que a deixou sem reação.

- O QUE!? NÃO FAÇA ISSO SAADI! VOCÊ VAI RECUSAR MEU PEDIDO DE DESCULPAS!? - Gritava Subo enquanto segurava Tora da maneira que podia.

- NÃO SEJA BOBO, SUBO! VOCÊ NÃO PRECISA ME DAR NADA EM TROCA PARA QUE EU ACEITE SUAS DESCULPAS! - Gritou Saadi enquanto corria para dentro castelo - AMIGOS NÃO PRECISAM DESSE TIPO DE COISA!

Aquelas palavras chegaram até os ouvidos de Subo e lhe deram uma força o suficiente para tirar o fôlego do Taigapou. Tora não viu nenhuma opção a não ser uma bela mordida no braço do rebelde, que o fez o soltar na hora.

- Desculpe por isso grandão, mas não tive outra escolha - Dizia Tora enquanto massageava seu braço - Se não tivesse algemado talvez tivesse sido diferente hehehe!

- Essa é a primeira vez que alguém consegue se livrar do meu abraço mortal - Disse Subo com um sorriso no canto do rosto quando de repente um colete a prova de balas bate em sua cara.

- É, parece que você vai precisar de ajuda, grandão - Disse Ramide pegando algumas dinamites e se posicionando ao lado de Subo, que colocava seu colete.


- Dois contra um? E sem eu poder usar minha velocidade? Isso vai ser muito interessan...

Antes que Tora pudesse terminar sua frase, ouviu-se um barulho devastador de algo que parecia ser maior que o próprio castelo caindo contra ele e próximo aos três. Tora, Subo e Ramide estavam tossindo bastante sem entender o que era aquela coisa imensa logo a frente.




- MAS O QUE DIABOS FOI ISSO!? ISSO É OBRA DO EXÉRCITO REBELDE, NÃO É?! - Gritava Tora enquanto tossia.

- COISA NOSSA!? LÓGICO QUE NÃO! COMO SE A GENTE TIVESSE ARMAMENTO PRA ISSO! - Respondia Ramide que tossia muito também.

- Não... O que diabos isso está fazendo aqui!? - Falou Subo que estava mais próximo da coisa enorme, sua voz apavorante.

- O QUE FOI SUBO!?!?! - Gritava Ramide que se aproximou - O QUE!? QUE MERDA É ESSA!? COMO ISSO VEIO PARAR AQUI!?

A fumaça estava se dissipando e deu para Tora ver o que era, também não conseguiu acreditar no que estava vendo - Vocês só podem estar brincando... - Disse com os olhos esbugalhados.


.
.
.

1 minuto atrás


- Takeshi está demorando muito, o que diabos ele foi fazer na floresta? - Dizia um dos soldados que permanecia sentado na muralha.

- Eu sei lá cara, ele disse que ia acompanhar a mestra Junko - Disse outro enquanto tomava uma garrafa de catnipom - E você nem deveria estar reclamando, viu a zona que está no castelo?


- Pois é! Rebeldes, quem diria que isso fosse acontecer?


- Eu já esperava por algo assim, pela primeira vez me sinto aliviado por ficar nessa bendita muralha.


- Ei, olha aquilo, tem alguém vindo em direção a muralha...


- Não é o Takeshi?


- O Takeshi não é verde... Está mais parecendo um...


Quando perceberam do que se tratava, os soldados informaram para as outras áreas da muralha para que posicionassem os canhões em direção ao alvo e disparassem ao sinal. O sinal então foi comunicado e todos os canhões foram disparadas em direção a criatura que ali estava. Esta, com um único movimento, rebateu todas as bolas de canhões em direção a muralha, causando diversas explosões na mesma.


- É isso tudo o que vocês tem? - Dizia o ser misterioso.


O dano causado pelas bolas de canhão, fizeram soltar grande parte da muralha e estava pra cair em cima da criatura que apenas observava, a sombra da muralha já o cobria por completo junto com a floresta.




- QUERO VER VOCÊ SE SAFAR DESSA! - Dizia os soldados que caiam junto com a muralha e riam pela a derrota de tal criatura.

O ser verde então se posicionou com as suas pernas afastadas uma da outras, pegou sua clava e rebateu com todas as suas forças aquela muralha, que voou como se fosse uma simples bola de beisebol, acertando com tudo o castelo de Archibald.


- Bom... Acho que isso foi o suficiente... Por enquanto... - Disse Larval, suspirando fundo. Então gritou - EXÉRCITO WARUIANO DE OUTONO! INVADAM A CIDADE E CAPTUREM TODOS OS MOMENIANOS QUE PUDEREM! OS QUE POSSUÍREM CABELO VERMELHO EU QUERO QUE ME TRAGAM! OUVIRAM BEM!? QUERO TODOS OS MOMENIANOS DE CABELO VERMELHO!!!!


Diversos Waruianos saíram da floresta fortemente armados, adentrando pela passagem que Larval havia criado.


- Tenente Ruger, não só eu como todo mundo, está com medo do Capitão Larval, o que foi que aconteceu com ele? - Dizia um dos waruianos que estava ao lado de Ruger.


- Eu não sei, e tenho até medo de saber... Mas não é a primeira vez que o vejo tão irritado assim... - Dizia Ruger que aparentava ter mais medo ainda, não pelo fato do seu capitão estar furioso, mas sim por saber que alguém conseguiu o derrotar - Da última vez que o tiraram do sério, ele destruiu um vilarejo inteiro...





(Continua...)

Um comentário: