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Capítulo 24 - A história obscura do Paraíso Kittypaw (Parte 5 - Final)




Archibald estava em seu quarto, não queria crer que seu amigo de longa data, Massamir, seria o próximo a ser mandado para fora de Kittypaw. Foi quando Fermo entrou sem fôlego em seu quarto.


- Você não me contou sobre o que tinha lá embaixo! - Dizia Fermo, ofegante.

- Do que está falando? - Perguntou Archibald.

- Não venha com essa! Estou falando do robô que Junko está construindo!

Archibald então se levantou, foi até a direção de Fermo e fechou a porta - Isso é um segredo, só alguns dos soldados sabem disso.


- O que isso importa!? Você a está escravizando! - Gritou Fermo.

- Não seja tão imprudente, Fermo! - Bravejou Archibald - Aquilo era um projeto do Dr. Daichi, algo complexo demais para nossas mentes entenderem, a mecânica daquilo!

- Dr. Daichi... então ele deixou algo assim para a gente...

- Exatamente, com aquilo teremos chance... Não, com certeza iremos acabar com a raça daqueles waruianos! E iremos mudar o rumo dessa guerra.

Fermo ficou espantado com as palavras do prefeito - Mas Archibald, aquele projeto está incompleto! Ela disse que vai demorar dois meses para ficar pronto! - Disse o soldado.

- Eu sei disso, só precisamos aguentar dois meses, e sobre isso... O seu pai, Massamir precisa... - Dizia Archibald, quando foi interrompido.

- É sobre isso que eu vim falar com você - Disse Fermo.

Já era de manhã e Massamir não havia dormido, estava aguardando os soldados de Archibald aparecerem para levá-lo, mas para sua surpresa, ninguém apareceu. 
" Sabia que podia ter confiado em você Archibald! Sabia! " - Pensava o Padeiro.

Estava prestes a colocar as massas de pães na fornalha quando alguém o chamou. Cauteloso, o padeiro, temendo que fosse algum soldado, espiou pela porta e avistou uma garota segurando uma grande cesta, seu rosto era familiar.

- Massamir? - Dizia Junko próxima da porta, avistando o padeiro.

- Você... é a filha do Dr. Daichi... - Disse Massamir, caminhando até a entrada.

- Sim, me chamo de Junko. Gostaria de entregar isso à sua esposa - Falou Junko erguendo a enorme cesta.

- Minha esposa? Ela não mora mais comigo - Disse o padeiro enquanto pegava um papel, parecendo anotar algo - Se quiser encontrá-la, vá para esse endereço - Completou Massamir. 

Junko ficou meio confusa em primeiro momento, mas logo se retirou dali. Pensou que talvez o pai de Fermo quisesse ficar sozinho por um tempo.


Enquanto caminhava até o endereço, percebeu que as casas iam ficando mais velhas e desgastadas, sendo que algumas estavam abandonadas. Aquilo a deixou desconfortável, por um momento percebeu que as coisas não estavam certas em Kittypaw.

Andava despercebida quando se deparou com uma criança com cerca de cinco anos. Estava com suas roupas todas sujas de lama, suas mãos estavam cobriam o rosto para esconder o choro. 

- O que foi, garotinha? Por que está chorando? - Dizia Junko enquanto se aproximava da pequenina.

- EU TÔ CHORANDO PORQUE VOCÊ CAIU NO CONTO DA LAMA! - Gritou a garotinha mostrando a cara cheia de lama e rindo.

Quando Junko olhou para cima, quatro crianças estavam espalhadas no topo das casas e começaram a arremessar bolas e mais bolas de lama sobre a visitante recém-chegada.

- Parem! Não é o Fermo! - Gritava uma das crianças mais velhas.

Junko estava toda suja de lama. Antes que a garotinha a sua frente fugisse, ela a segurou pelo braço - Não pense que vai se safar dessa! - Dizia Junko furiosa.

- SOCORRO, LOMBERT! ESSA BRUXA ME PEGOU! - Gritava a pequenina.

- Aguenta firme, Anubia! A gente vai te salvar dessa bruxa! - Gritou Lombert enquanto pulava em um poste junto com o resto das crianças e descia até chegar na rua.

" Anubia? Lombert? Já ouvi esses nomes antes... " - Pensou Junko.

As crianças se preparavam para atacar Junko, quando um grito vindo do final da rua ecoou por todo o vilarejo.

- O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO!? - Gritou Stella, que pareceu petrificar as crianças em questão de segundos.

O tempo passou e Junko agora se encontrava dentro da casa velha, mais precisamente na cozinha. Não estava tão suja como antes, usava uma camiseta de Fermo, enquanto os órfãos estavam na sala de castigo.

- Peço mais uma vez desculpas pelo ocorrido, essas crianças possuem uma energia sem fim! - Dizia Stella enquanto preparava uma xícara de chá para a visitante.

- Não precisa se preocupar com isso - Dizia Junko enquanto observava o local

- Se eu soubesse que você iria me trazer essa cesta de comida, eu mesmo teria ido buscá-la - Disse Stella servindo chá para Junko.

- Stella, o que está acontecendo em Kittypaw? 

- Sobre o que está falando querida?

- As casas abandonadas, os moradores tensos, onde está toda aquela alegria de antes? 


- Junko... Você passou tempo demais naquele castelo - Disse Stella se sentando à mesa junto com Junko.

Stella então explicou tudo o que havia acontecido desde a construção da muralha. As taxas abusivas, sobre as punições, e até mesmo sobre a expulsão de alguns moradores para fora do vilarejo. Junko queria acreditar que aquela história não era verdadeira, mas qual séria a vantagem de contar mentiras naquele momento?

- A esta hora, já devem ter levado Massamir pra fora de Kittypaw, seu ego falou mais alto do que a própria razão - Dizia Stella, caindo em lágrimas.

- Levado? Eu o encontrei antes de vir aqui preparando algumas fornalhas de pães - Falou Junko um tanto confusa.

Foi quando Tessy chegou aos gritos no meio da cozinha - MÃE STELLA! O FERMO TÁ SENDO LEVADO PRA FORA DA MURALHA!

- QUE MENTIRA É ESSA MENINO? - Gritou Stella se levantando da cadeira.

- É SÉRIO! OS VIZINHOS ESTÃO FALANDO! O SUBO ESTA AGORA LUTANDO CONTRA OS SOLDADOS!

- NÃO! MEU FILHO NÃO! - Gritava Stella quase desmaiando na cadeira.

Junko, Stella e os órfãos, correram até a saída de Kittypaw, onde se encontrava um aglomerado de momenianos. Uma das carruagens que levava os prisioneiros, estava parada entre a saída e a entrada de kittypaw. Dentro dela estava Fermo aos gritos e choros, ao ver seus amigos Subo, Ramide e Eben caídos no chão ensanguentados.


- PAREM DE INTERFERIR! VOCÊS VÃO ACABAR MORRENDO ASSIM!!! - Gritava Fermo.

- Deixa de besteira Fermo! Seu pai aceitou esse destino! Não faça isso por ele! - Gritava Subo com diversos machucados em seu rosto.
- Esse bastardo ainda continua tagarelando - Disse o soldado dando uma coronhada na cabeça de Subo, que o fez desmaiar - Isso é o que ganha ao tentarem desafiar a mim - Completou o soldado.

- FERMO! NÃO FAÇA ISSO! - Gritava Stella enquanto chorava.

- IRMÃO FERMO! A GENTE QUER BRINCAR MAIS VEZES COM VOCÊ! - Gritavam os órfãos enquanto choravam.

- Mãe! Irmãozinhos! Não se preocupem comigo! Eu vou ficar bem! - Dizia Fermo com um olhar desesperador.

Junko observava tudo aquilo, estava chocada demais para dizer alguma coisa.

- Vamos, não temos o dia todo! – Disse, fazendo um sinal para que os trobarus avançassem, fazendo a carruagem sair de Kittypaw.

Nada podia ser feito naquele momento, a não ser observar a carruagem saindo de Kittypaw. 


Stella ficou tão apavorada naquele momento que chegou a desmaiar. Os moradores que estavam no local ajudaram tanto ela como os feridos.

Junko não sabia o que pensar, não acreditava que Archibald faria uma atrocidade dessas. Irritada, foi até a padaria de Massamir. Chegando lá, o padeiro havia preparado uma quantidade absurda de pães, e parecia bem contente.

- Veio comprar alguns pães? Aproveite que estão bem quentinhos! - Dizia Massamir enquanto organizava os pães em suas cestas.

- Você ficou o dia todo aqui? - Disse Junko um tanto nervosa. 

- Mas é claro! Algum idiota deve ter feito alguma besteira e acabou indo no meu lugar, tenho que lucrar o possível agora para não ser o próximo. 

- Algum idiota? Esse idiota era seu filho! - Disse Junko rangendo os dentes de raiva. 

- Fermo? - Disse Massamir derrubando a cesta de pães. 

- ELE FEZ ISSO PORQUE TE AMAVA! MESMO QUE VOCÊ NÃO O ENTENDESSE, ELE FEZ ISSO POR UM BABACA COMO VOCÊ!

- Não, Archibald não mandaria meu filho, isso está errado! - Dizia o padeiro, sem querer acreditar.

- Ela está falando a verdade, Massamir - Disse Eben, que havia chegado naquele momento no estabelecimento.

Massamir, desesperado, foi até seu escritório e pegou uma arma - EU VOU ACABAR COM AQUELE PREFEITO! 

- Se acalme! Se você for lá sozinho vai ter o mesmo destino do seu filho! - Disse Eben, tomando a arma do padeiro.


- EU JÁ FIQUEI CALMO O SUFICIENTE! EU VOU FORMAR UM EXÉRCITO REBELDE! E CUSTE O QUE CUSTAR! EU VOU TIRAR AQUELE DESGRAÇADO DAQUELE CASTELO! - Gritava Massamir enquanto o pão sobre sua cabeça se remexia todo. 

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Voltando para o tempo atual. Archibald ainda continuava a falar. 

- Uma semana depois que Fermo foi levado, houve o ataque waruiano em Furbal. Uma pequena parte dos moradores, vieram para Kittypaw. Alguns desses moradores foram enviados para os waruianos. Até que fiquei sabendo sobre seus planos, Massamir, um de seus rebeldes se iludiu achando que traria um dos prisioneiros de volta - Dizia Archibald cabisbaixo - Mas eu não contava que aquele waruiano, de uma hora pra outra, iria atacar Kittypaw com todo seu exército - Completou o Prefeito.

Naquele momento todos os orfãos estavam calados, pareciam não entender muito o que aconteceu, mas sabiam que coisa boa não era. 

Tanto Junko como Stella não demonstravam nenhuma reação com o desabafo do prefeito, estavam chocadas demais com o que tinha acabado de ouvir.


Pinchi estava calado de braços cruzados, enquanto Mochi mordia seu cabelo. Parecia estar pensando em algo para dizer sobre tudo aquilo, mas nada lhe saia da boca.

Porém as coisas não pareciam boas para Massamir, estava rangendo os dentes de raiva.

- Viram só!? É isso que o povo ganha por obedecer as regras de seu líder!!! Uma estrada que leva direto pra morte! - Falou um dos waruianos que estava amarrado nas árvores. 

Naquele momento Massamir explodiu de raiva e avançou contra Archibald, dando-lhe inúmeros socos em seu rosto. 

- SEU DESGRAÇADO! EU NUNCA VOU TE PERDOAR PELO O QUE FEZ COM MEU FILHO! - Gritava o padeiro furiosamente enquanto desferia inúmeros socos sobre Archibald. 


Estava pronto para dar um ultimo soco quando foi puxado pra trás por Pinchi, caindo próximo a Stella - Nosso filho Stella... Nosso filho... Nunca mais o veremos - Dizia o padeiro que começou a chorar.

- Não... Meu filho, não... - Dizia Stella que começava a chorar junto com Massamir.

- O irmão Fermo foi embora pra sempre? - Perguntou Tessy quase chorando.

- Sim... Tanto ele como nossos pai,s Tessy - Disse Lombert, que começava a chorar junto com o resto dos orfãos.
 
- Meu pai, no final me amava - Dizia Junko, que também começou a chorar.

- EU PEÇO DESCULPAS! EU REALMENTE PEÇO DESCULPAS! - Gritava Archibald enquanto sangrava pelo rosto.

Pinchi olhou ao seu arredor e viu que todos estavam chorando, até mesmo a bu-chan começou a chorar. Os waruianos que estavam amarrados nas arvores sorriam como nunca pelas lágrimas que eram derramadas pelos momenianos.

- Vocês são um bando de fedorentos, todos uns idiotas chorões - Disse Pinchi.

Naquele momento todos os olhos voltaram para ele - É isso mesmo, vocês todos são uns bundões, ficam chorando pra uma merda dessas - Continuou o Pinchi. 

- QUE MERDA VOCÊ TÁ QUERENDO DIZER COM ISSO!? VOCÊ É APENAS UM VISITANTE! NÃO ENTENDERIA! - Gritou Junko, furiosa.

- Não precisa de muito cérebro pra entender que vocês são uns otários fracotes. 

- PINCHI! PARE DE FALAR ASSIM! VOCÊ NÃO ENTENDE! - Gritou Stella, que agora estava com um olhar tenebroso para o momeniano. 

- Cala boca sua velha, não é capaz nem de proteger a própria família. 

- SEU MOLEQUE DESGRAÇADO! VOU ACABAR COM A SUA RAÇA! - Disse Massamir se levantando do chão e furioso. 

- PEGA ELE, MASSAMIR! - Gritavam os órfãos, com raiva de Pinchi.

- Um cara com um pão na cabeça vai tentar me derrotar? Nem se você treinasse por mil anos! - Disse Pinchi enquanto Vivi lhe mordia a cabeça furiosa.

- VOCÊ VAI SE VOLTAR CONTRA A GENTE JUSTO AGORA? - Dizia Archibald se levantando com dificuldade enquanto o sangue de seu rosto ainda pingava.

- Eu não sou seu inimigo. O verdadeiro oponente está dentro daquela cidade, destruindo-a por completo. Mas isso só cabe a vocês decidirem o que fazer. - Dizia Pinchi tirando Mochi de sua cabeça e colocando debaixo de seu braço - Afinal, em momentos como esse, a ira é mais útil do que o desespero - Completou sorrindo. 


Continua...

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