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Capítulo 1 - Eu sou Pinchi


Era uma manhã normal em Momenom.  O sol acabara de nascer, os pássaros estavam cantando e procurando comida. Tudo parecia calmo naquela pequena vila, nomeada de Furball. Nem parecia que, há apenas alguns dias, um grande ataque havia acontecido.

Pelas proximidades da pequena vila, existia uma vasta floresta. Nesses tempos de guerra, era uma coisa muito perigosa para Momenianos se aventurarem por entre as florestas, pois as áreas escuras e inexploradas eram lugares perfeitos para Waruianos se esconderem em suas bases de segurança máxima.

Era quase impossível evitar ataques Waruianos, por isso Momenianos viviam se escondendo, com medo. E isso era uma coisa normal, pois muitos inocentes já haviam morrido com a segunda grande guerra.

Mas, surgindo das profundezas da floresta, parecia que existia um Momeniano diferente dos outros, ele não demonstrava se importar com os ataques Waruianos.

Esse Momeniano, com uma missão pessoal, se aventurava sozinho e sem rumo pelas terras de Momenom, uma coisa muito perigosa de ser feita, e também estúpida . Se ele era muito corajoso, ou muito burro, isso ninguém sabia ao certo, mas ninguém imaginaria oque o futuro estaria reservando para ele...

Seu nome era Pinchi. Um Momeniano que, aparentemente, não tinha nada de especial, comum como qualquer outro. Ele caminhava sozinho, sem saber ao certo pra onde deveria ir e sem carregar nada consigo. Seus pelos eram em um tom amarelo-dourado, com uma parte mais clara no peito. Já seus pelos da cabeça eram em um tom marrom avermelhado, bem escuro.


Como eu disse, um Momeniano comum, e sem nada de especial.

Pinchi continuava caminhando por entre as árvores, tentando chegar a algum lugar, mas ao mesmo tempo, sem chegar a lugar nenhum. Quando de repente, ouve-se um grande ronco que ecoa por entre as árvores:
RRRRRRRRRRRRROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOMMMMMMMMMMC

...

- Droga, queria estar em casa... Eu to morrendo de fome!!! – Disse Pinchi, esfregando a barriga – Faz dias que eu não como...

Logo em seguida Pinchi olha pro topo das árvores, talvez procurando algo comestível, mas parece que, se existia alguma fruta por ali, alguém já tinha pegado.

- Merda, não consigo encontrar nada pra comer! Eu preciso encontrar uma vila ou alguma coisa, se não eu vou acabar ficando sem forças... – Ele para por um minuto e olha para trás -... E algum Waruiano pode tentar me atacar...

Dito isso, ele continua sua caminhada em busca de algum lugar onde houvesse comida.
Passando algum tempo, ele finalmente consegue sair da floresta, e de longe avista uma placa.



- Tem uma placa ali – Pensa – Acho que eu consegui chegar em algum lugar!



Em seguida ele corre em direção da placa, que dizia: “Bem vindo a Furball”. Logo atrás, por entre algumas colinas, era possível avistar o topo das poucas casinhas existentes. Furball era realmente uma vila pequena!



Pinchi corre com entusiasmo, descendo a colina para dentro da vila. Ele quase leva um tombo, mas logo se recompõe e para um momento pra analisar o local.


Quando ele chegou lá, percebeu que as coisas não estavam normais. Ele ficou parado olhando em volta, percebendo o quanto haviam casas parcialmente destruídas.


- Parece que os Waruianos também passaram por aqui.... – Disse baixinho, para si mesmo.


Ele então continuou caminhando cidade a dentro, foi para uma parte em que as casas não estavam tão destruídas. Porém, percebeu que não conseguia encontrar um ser vivo se quer – Oque está acontecendo aqui? Parece que eu estou em uma cidade fantasma!! – Pensou, e prosseguiu andando.



Até que finalmente viu um alguém se aproximando – Espera, parece que tem um garoto vindo ali! – Ele disse, então correu em direção.



O garoto era pequeno, aparentava ter uns 10 ou 11 anos, era da cor laranja com manchas marrons no rosto. Tinha os olhos marrons e os pelos da cabeça eram em um tom de vinho, meio amarronzado. Ele estava acompanhando por uma pequena Buu-chan rosa, com manchas parecidas com a dele pelo corpo. Quando Pinchi chegou perto dele, ele reparou e foi logo dizendo:



- Oi! Eu nunca vi você por aqui antes.



- É... – Respondeu Pinchi – Eu acabei de chegar... Mas tem alguma coisa errada com essa vila.



- O que?



- Onde estão todos? Eu andei e todas as casas que eu vi estavam completamente vazias e apagadas, parece até que eu to numa cidade fantasma!



- Ah, isso é porque todo mundo da vila foi embora pra casa de parentes... Acho que dá pra perceber que teve um ataque Waruiano aqui, né? – Respondeu o garotinho que, estranhamente, apesar de estar dando tão horrível notícia, permanecia sorrindo.


- Ahm... Entendi... – Disse Pinchi, logo em seguida seu estômago deu um ronco tão alto quanto o anterior – Opa, desculpa... É que eu estou há dias sem comer.
- Está? Se quiser pode ir pra minha casa! Eu acabei de pegar umas frutas hoje de manhã, vem!



Em seguida ele puxou Pinchi pelo braço, que no começo ficou meio relutante em ir, mas como estava com muita fome acabou aceitando.



- Chegamos, essa é minha casa, pode ficar a vontade! – Disse o garoto quando eles chegaram, em seguida ele foi em direção da cozinha da pequena casa – Eu vou pegar algo pra você comer, já venho! – E saiu, acompanhado de sua pequena Buu-chan.


Pinchi ficou lá parado, olhando toda a casa ao seu redor.


Era uma casa bem pequena mesmo, com apenas uma sala e cozinha no andar de baixo, e no de cima quarto e banheiro. Ele pensou:


- Hum... Eu nunca tinha entrado numa dessas casinhas de vila... Mas acho que não é tão ruim assim...


Depois, o garoto e a Buu-chan voltaram carregando uma cesta com frutas e entregando para Pinchi.


Ele rapidamente começa a devorar as frutas, realmente parecia que ele estava há bastante tempo sem comer. O garoto só ficou parado lá ao lado dele observando, sempre sorridente.


- Qual é seu nome? Meu Nome é Happii! Happii Daisuki! – O garoto disse de repente.


Pinchi então parou de mastigar um pouco, olhou para o garoto por alguns instantes e respondeu, enquanto engolia as frutas que estavam na sua boca:


- Pinchi... Pinchi L. Ishikawa – Ele respondeu friamente.


- Pinchi? É um prazer conhecer você! – Happii disse, com um sorriso amigável.


Pinchi continuou comendo as frutas, com Happii ainda o observando.


- Er... Eu posso te perguntar uma coisa?


- Hmmm... – Balbuciou Pinchi, ainda mastigando uma porção de frutas.


- Oque significa esse “L”?


- Que L?? – Respondeu com cara séria.


- Esse “L” do seu nome...


- Não seja idiota! Pinchi não se escreve com L... – Continuou comendo.


- Er... – Happii então resolveu deixar pra lá.




Iam começar a puxar algum outro assunto qualquer, quando de repente os dois ouviram um barulho estranho vindo dos céus.

Os dois se entreolharam, sem entender o que estava acontecendo, então resolveram correr para fora.

Quando correram para fora, Pinchi empurrou um pouco Happii para trás com as mãos, enquanto olhava para cima, parecendo realmente muito zangado:

- É uma nave Waruiana! 

A nave pousou em um território bem próximo a casa de Happii, ele e Pinchi continuaram escondidos, observando o que acontecia.

De dentro da nave saíram dois Waruianos. Eram mais altos que um Momeniano comum, porém baixos, comparando com outros Waruianos.

Um deles era gordo e o tom de pele dele era verde escuro, ele também usava um tapa olho. O outro era mais magro e seu tom de verde era bem mais claro.

- Tem certeza que foi aqui?? – Disse o Waruiano verde escuro

- E... Eu... Acho que sim... Pelo menos foi a última vila que a gente visitou... – Respondeu o outro, verde claro.

- Você é mesmo um idiota! Não sei porque eu fui aceitar fazer essa missão com você, com tantos outros Waruianos que tinham na base!!

- De... Desculpa, Bumbo... Eu prometo que não vou perder de novo, eu juro!!

Dizendo isso, os dois começaram a andar por uma direção qualquer. Pinchi e Happii se entreolharam mais uma vez, depois resolveram seguir cautelosamente os Waruianos estranhos, mas é claro, afastados alguns metros de distância.

De repente os dois Waruianos voltaram, rapidamente Pinchi e Happii correram para trás de uma casa qualquer e continuaram olhando. O Waruiano verde escuro carregava nos braços um estranho objeto, que eles não conseguiram identificar oque era.


- Ainda bem que encontramos... Ou o Wazui ficaria muito bravo! – Ele disse


- É!!! Muito bom Bumbo! – Respondeu seu amigo, em seguida os dois começaram a subir na nave.


Nessa hora, Pinchi saiu apressado do seu esconderijo e começou a dizer:


- Malditos! Eles devem ter pegado alguma coisa para tentar acabar com Momenom!! Eu sei disso! Eu não posso deixar!!


Happii saiu também e foi para onde Pinchi estava, começou a sacudir os braços e dizer:


- Como assim não pode deixar??? O que você pensa que pode fazer? Temos que nos esconder, Pinchi! Se eles nos virem, eles podem acabar nos matando!!


- Não! Essa é minha missão, você não entenderia...


- Missão?? Como as...


Antes que Happii pudesse terminar de dizer, os dois Waruianos pararam de subir na nave e perceberam a presença dos pequenos Momenianos.


- HEI VOCÊS AÍ!!! – Disse o Waruiano verde escuro – Momenianos!!!


Dito isso, os dois correram na direção de Pinchi e Happii.


Pinchi não se mostrou intimidado, e começou a encarar os Waruianos vindo, como se estivesse prestes a atacar.


Happii apenas ficou atrás dele, muito assustado com o que estava acontecendo.


Quando o Waruiano verde escuro se aproximou, Pinchi ia atacar, quando ele tira uma espécie de lança e dá um choque em Pinchi.


Com o choque, ele caiu enfraquecido e parcialmente queimado. Quando viu aquilo, Happii ficou ainda mais horrorizado e soltou um grito:




- PINCHI!!!!


Então os dois Waruianos começaram a carregar Pinchi, ainda enfraquecido, para dentro da nave, em seguida pegaram Happii também.


Dentro da nave, as forças de Pinchi começavam a voltar aos poucos, mas ele ainda se mostrava bastante exausto:


- Se...Seus...Desgraçados!


Disse Pinchi, reunindo forças para poder dizer.


- Cala a boca, verme amarelo! – Disse o Waruiano verde escuro, logo em seguida dando-o um chute, fazendo cair dentro de uma pequena sala. Atrás dele, o Waruiano verde claro arremessa Happii com tudo contra a parede da sala também, depois eles trancam a porta da cela e vão embora rindo.


- Por que não podemos matar eles logo, Bumbo? – Perguntou o Waruiano verde claro.


- Ainda não! Eles podem ser úteis... O maior parece ter um bocado de força... Ele resistiu a nossa arma de choques mais poderosa, pode servir para a criação do Wazui...


- Mas e o pequenininho?


- Pode ser que o Wazui queira usar ele também... Se não for usar, a gente mata, não fará diferença, HUAHAHAHAHA!


Os dois continuaram rindo, até sumirem completamente de vista.


Na cela, Pinchi estava sentado no chão, ainda meio ofegante, tentando recuperar suas energias.


- Droga... Se eu não tivesse ficado tanto tempo sem comer... – Ele balbuciou.


Happii caminha até a frente dele e fica o encarando com as mãos nos ombros, não parecendo nem um pouco alegre dessa vez. Pinchi apenas levanta a cabeça e olha para ele, sem entender muito.


- Que foi? – Ele pergunta.


- Que foi?? Se você tivesse ficado escondido, a gente não estaria aqui agora! – Disse Happii, num tom de voz bravo – Poxa, por que você foi querer dar uma de herói?




- Você não entenderia... Você é criança... – Respondeu Pinchi, se levantando e andando para um canto da sala.

- O que eu não entenderia?? Você não devia me subestimar porque eu sou criança, eu sou uma criança muito inteligente, sabia?


Pinchi olha para ele, fica alguns minutos em silêncio e então diz:


- É minha missão... Eu pretendo ser um guerreiro!


- Guerreiro... Você? Pinchi! Você não sabe que apenas os Momenianos mais fortes existentes conseguem virar guerreiros?? Não é uma coisa que qualquer um pode ser apenas por querer!!! – Disse Happii, meio eufórico.


Pinchi apenas sorriu... Um sorriso meio sarcástico. Olhou alguns segundos para Happii e então disse:


- Todos agem da mesma forma... Até me conhecerem!


Happii apenas ficou parado olhando, sem entender nada.


Passado algum tempo, Happii e Pinchi continuavam na cela. Agora Pinchi já estava com a aparência normal de antes, ele começa a se alongar, como se estivesse se preparando para uma batalha, então diz:


- Eu não posso gastar todas as minhas forças... Eu ainda estou me sentindo meio exausto de tanto andar e tantos dias sem comer... Quando eu conseguir sair daqui, a primeira coisa que eu vou fazer é comer pra caralho!!! – Disse isso com uma cara séria.


Happii ainda não estava entendendo nada, apenas ficava ali sentado observando Pinchi, sem querer contrariar.


- Só preciso agora é de um jeito de sair dessa cela... – Pinchi disse, enquanto coçava o queixo e caminhava de lá para cá, talvez procurando uma solução...


Happii então levanta e anda em direção a Pinchi, que para de andar e começa a encará-lo.


- Talvez – Happii diz - Se eu tivesse algo afiado, eu conseguisse abrir essa fechadura...


- É serio? Você consegue?


- Acho que sim... Eu costumava mexer com essas coisas manuais, já consegui abrir algumas fechaduras na vida... Mas claro que algumas são mais difíceis do que outras!


- Não custa tentar... Hum... – Pinchi olha para fora da cela, procurando algo – Só precisa de algo afiado? ... Tem uma caixa de ferramentas ali em cima de uma mesinha, talvez tenha algo que sirva!! – Logo depois de dizer isso, ele deu um grande sorriso. Era a primeira vez que ele sorria, sem parecer sarcástico.


- Ta, pode ser... Mas como va...




Happii é mais uma vez interrompido, pois Pinchi já havia usado sua comprida cauda para alcançar a caixa e trazê-la para mais perto. Em seguida ele esticou a mão para abrir a caixa e procurou algo que fosse afiado o bastante para Happii poder abrir a porta. Ele acha uma chave de fenda, e cuidadosamente a passa por entre as grades.

Happii estava observando, admirado, então falou:

- Vo... Você consegue usar sua cauda para pegar coisas???

- Sim, ué... É tão estranho assim? – Respondeu, meio confuso.

- Acho que sim... A cauda deixou de ser útil há bilhões de anos atrás, quando os Momenianos aprenderam a andar sobre duas patas! Mal temos coordenação motora nessa parte do corpo, ainda mais para levantar objetos pesados...

- Ah... Isso é porque eu treino minha cauda desde criança – Respondeu Pinchi, sem nunca mudar sua cara séria. 

- Mas ninguém nunca tinha pensado em treinar a cauda antes...

- Bom, deveriam começar a pensar... – Em seguida ele entrega a chave de fenda para Happii – Não vai tentar abrir a porta?

- Ah sim! Deixa comigo!

Happii corre para perto da porta e coloca a chave de fenda no buraco, fica então alguns minutos girando, mexendo e tentando escutar, quando finalmente a porta se abre.

- Hmm... Você é bom, garoto! – Disse Pinchi, mas sem mudar a sua cara séria.

- Ora... Não foi nada...! – Respondeu Happii alegre, mas meio envergonhado. – Mas o que vamos fazer agora?

- Agora deixa comigo...







 (Continua...)

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